sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

500 MILHAS DE INDIANAPOLIS DE 1946 - O início do Legado de Tony Hulman



Quando o presidente norte-americano Franklin Roosevelt, em dezembro de 1941, declarou Guerra aos países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), após o bombardeio de Pearl Harbor perpetrado pelos antepassados do Takuma Sato, todos os Estados americanos acabariam afetados imediatamente. Para o Templo da velocidade não foi diferente e as corridas cessariam em Indianapolis por longos e pesados quatro anos de chumbo e bomba atômica. 

Wilbur Shaw no seu Maserati Boyle Special

Em novembro de 1944, Wilbur Shaw (simplesmente a maior lenda dos anos 30 da Indy, tricampeão de Indianapolis e que só não se tornou tetra, penta e hexa por questões que fogem às explicações humanas) visitou a pista como um executivo da Firestone pronto para agendar alguns dias de testes para um novo composto de pneus que a empresa produzira em seus laboratórios. Depois desses testes, Shaw ficou inconformado com a paisagem desoladora do Speedway decorado por todo tipo de ervas daninhas no meio da trilha de tijolos, gramados com três metros de altura, arquibancadas caindo aos pedaços, instalações ferradas e os boatos que espalhavam pela cidade de que o melhor era demolir tudo e fazer outro investimento no local.


Munido de paixão, paciência e coragem, Wilbur foi até o dono da pista, capitão Eddie Rickenbacker, questionar o que poderia ser feito em relação a situação deplorável do lugar. A resposta de Eddie foi um sincero "não tenho a grana para reformar tudo, Wilbur". Uma facada nas primeiras tentativas do ex-piloto que ganhou fama na velha Brickyard. Restaria para Shaw dois "planos B": ou ele mesmo comprava a pista de Eddie ou encontrava um milionário com bala na agulha para bancar a reforma e a reabertura de Indianapolis e, consequentemente, a sobrevida das 500 Milhas de Indianapolis, que até aquele momento estava estacionada na sua vigésima nona edição. 

Sem dinheiro para ele mesmo fazer a aquisição, Shaw procurou por Anton "Tony" Hulman Jr., membro da mais tradicional família de Terre Haute, e jogou o projeto na mesa. Os Hulman eram uma família de imigrantes alemães que se estabeleceram com sucesso no Estado de Indiana no ano de 1850. Na virada do século o avô de Tony, o senhor Herman Hulman havia construído a Hulman Company, fornecedora de alimentos no atacado, bebidas e tabaco. Também é dessa empresa o famoso fermento em pó Clabber Girl.

Naquele momento da história Wilbur Shaw se via diante de um homem rico, que assumiu a presidência da Hulman Company após o falecimento de seu pai (em 1942) e que era muito apaixonado por corridas de Indy (êta homem de sorte esse Shaw!). Tony Hulman era um Hoosier nato, assistiu sua primeira 500 Milhas em 1914 (vencida por René Thomas) e via uma possibilidade perfeita para aplicar seu conhecimento de marketing no mais icônico evento automobilístico da América. 


Para concretizar o projeto, Hulman pagou no dia 14 de novembro de 1945 um total de 750 mil dólares ao capitão Eddie Rickenbacker, nomeou Wilbur Shaw para presidente e gerente-geral do Indianapolis Motor Speedway e intencionava tornar a Indy500 o maior espetáculo das corridas. Em poucos meses, como num passe de mágica, a Brickyard estava reaberta para o público e para os carros mais velozes do mundo!

 Capitão Rickenbacker assina o contrato de venda 
do Indianapolis Motor Speedway para Tony Hulman


Na parte 2 falaremos da corrida propriamente dita! Até lá, Indyanistas!