terça-feira, 27 de junho de 2017

Duas vitórias de Rahal em Detroit e a confirmação da evolução como piloto de Indy


COMO SABEMOS - Para você entrar no modo HARD do "Caminho para a Astor Cup" e ter chances de conquistá-la, no mínimo, precisará vencer etapas desafiadoras em oval (curtos, médios e longos), rua e misto. Não existe escapatória, essa é a regra desde os anos 80. Dixon é tetra campeão da Indy porque ganha em mistos, ruas e ovais. Pegue a carreira de Power e verá que ele começa a se tornar competitivo de fato só quando começa a ser competitivo em ovais e não só em pistas que viram pros dois lados. Quando Franchitti corria (saudades do escocês voador!) seu currículo trazia um extremo equilíbrio de vitórias em circuitos de rua, circuitos mistos e circuitos ovais. Todos os citados foram campeões da Indy porque todos obtiveram grandes resultados em todos os tipos de traçados durante a temporada regular. 

O desafio da Indy, e isso pouca gente se dá conta e comenta, é testar a cada campeonato a pura evolução do competidor, o real desenvolvimento das habilidades que estão ali "atrofiadas" e "adormecidas" no interior do corpo do piloto. Os raros, como Mario Andretti, Foyt, Bobby Rahal ou Mears se adaptavam rápido, precisavam apenas acariciar a máquina por um mês, mas a maioria dos drivers de Indy começa com fortes atuações em determinado tipo de traçado e outras atuações limitadas em outros traçados. Se você é um europeu (francês, italiano, alemão, espanhol, romeno, russo ou um britânico) terá maior chance de bons resultados em Sonoma, Barber, Misto de Indianapolis, Watkins Glen, Mid-Ohio ou Road America. 

Mas a mesma verdade não vale para as pistas de rua americanas, que diferem da maioria das pistas de rua da Europa, no geral. Na Indy, a pista de rua tem como característica "ser uma pista de rua mesmo", onde no outro dia gente de todo tipo passará com carro e reclamará das ondulações. Portanto, sem direção hidráulica para acrescentar mais complicação, as pistas de rua não serão nada fácil para o piloto vindo de uma tradição europeia. Para os pilotos criados "dentro da Indy" as pistas de rua são comuns desde que Long Beach é parte do calendário.


Graham Rahal, piloto da Indy desde 2007, com 168 largadas, ganhou o nome "Graham" porque seu pai queria homenagear o famoso piloto de Fórmula 1 Graham Hill. Rahal ele herdou do pai mesmo, uma lenda do automobilismo americano dos anos 80 e 90, campeão três vezes do campeonato da Indy-CART e vencedor das 500 milhas de Indianapolis de 1986. Com uma história rodeada de tradição, esperava-se naturalmente que o moleque desabrochasse cedo e fosse refazendo as glórias do pai ao longo dos anos. No entanto, isso não aconteceu de imediato e Rahalzinho teve seis anos de ostracismo medonho, com brilharecos escassos aqui e ali nas temporadas de 2009, 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014!

Depois de um ano de estréia promissor na falida Champ Car, mais precisamente de 2009 até 2014, o filho de Bobby amargou consecutivas derrotas na categoria guiando até um carro da Ganassi, fracassos bizarros como uma corrida no Texas onde ele perdeu para Justin Wilson há menos de duas voltas pro fim (após bater sozinho no muro) e uma queda brusca de performance o levaria de volta a casa, literalmente, do pai. O time RLL (de propriedade de Bobby Rahal) foi o refugio perfeito para um desacreditado filho de ex-piloto famoso. Seria um caso muito parecido com o de Marco Andretti, porém, Graham deu a volta por cima a partir de 2015, já Marco continua na merda de sempre.

A partir de 2015 Graham entrou numa espécie de metamorfose ambulante que o trouxe de volta para os holofotes das corridas de Indy. Rahalzinho vence, nesse ano, a sua primeira prova de 500 Milhas em Fontana, naquela que muitos consideram a mais intensa prova de Indy de todos os tempos, vence também na terra natal de Ohio e luta até a etapa de Pocono pela Astor Cup. Mas tanto no triângulo traiçoeiro quanto no misto da Califórnia o azar lhe tirou as possibilidades.

Para 2016 as expectativas eram altas para que o filho de Bobby Rahal voltasse a disputa da Astor Cup, mas Simon Pagenaud tratou de deixar muitos chateados antes da metade do campeonato. No entanto, não foi sem brilho a temporada de Graham. Em outra disputa emocionante contra fortes concorrentes de Penske, Ganassi e SPM, o piloto da RLL cravou mais uma vitória em oval, dessa vez no Texas onde tempos atrás Rahalzinho tinha perdido estupidamente uma conquista para sua carreira. Fora essa vitória, foram mais oito vezes no TOP FIVE, sendo dois 2º lugar, um 3º lugar, três 4° lugar e um 5º lugar. Ressaltando: sem companheiro de equipe para compartilhar informações, o que dá mais mérito ainda para ele como piloto e pro time sem outro carro para trocar informações e testar configurações a mais em cada pista.

Tudo bem que 2017 está sendo uma temporada com resultados um tanto quanto modestos para quem estava se acostumando a sempre estar entre os cinco primeiros nas corridas. Porém, duas vitórias seguidas na rodada dupla de Detroit não podem ser algo a se jogar fora. Muito pelo contrário. Talvez não seja suficiente para deixar Graham em condições de lutar pela Astor Cup, mas deixa a carreira do norte-americano recheada de conquistas nos três tipos de traçados da Indy e isso é muito importante dentro da série mais diversificada do mundo da velocidade extrema:


- 2 vitórias em ovais (500 Milhas de Fontana 2015 e Texas 600 de 2016)
- 1 vitória em mistos (Mid-Ohio em 2016)
- 3 vitórias em pistas de rua (St. Pete 2008, Detroit 1 e Detroit 2 em 2017)

Já o outro herdeiro de sobrenome glorioso na Indy...