Quando olhamos o pódio formado semana passada por Sato, Graham e Wilson em Long Beach temos a certeza que está acontecendo algo muito excêntrico na Indycar Series de 2013 que não costumava ocorrer nos anos anteriores. Vamos esquecer a Indy dividida por um tempo entre CCWS e IRL, também deixemos de lado o eterno velório da CART, partiremos direto para o periodo pós-reunificação.
O ano é 2009, a Indy é uma categoria ainda monomarca nos chassis e nos motores, a Dallara e a Honda fornecem todos os chassis e os motores; o regulamento do campeonato para ovais é totalmente voltado para provocar corridas em bloco (o famoso pack racing, na linguagem dos americanos) e a Indy tem o dominio por 16 etapas de Ganassi e Penske. “E a Andretti, pô?”, perguntaria você assustado. Bem, a Andretti era uma piada que queria ser grande. Apesar de ser considerada forte e parte das três equipes mais fortes da Indy financeiramente, a Andretti daqueles dias, na verdade, não fazia parte dos grandes da categoria, apesar de ter a queridinha da América, Danica Patrick e o espetacular Tony Kanaan em sua equipe.
Em 17 corridas, só Justin Wilson foi lá e cravou uma vitória solitária para a equipe nanica de Dale Coyne em Watkins Glen. Fora isso, o campeonato de pilotos teve Franchitti vencendo 5 corridas, Dixon vencendo outras 5, Briscoe ganhou 3 corridas e Helio venceu mais 2. Power, que estreou esse ano na Penske substituindo Helio, ganharia apenas 1 vez.
Agora voltemos para 2013, depois de três corridas. Sato levou um carro da equipe de A.J. Foyt para o topo do pódio e em uma pista de rua. Para se ter idéia do tamanho do feito do japonês, a equipe do velho AJ não vencia em um circuito que não fosse oval desde 1978, quando o próprio Foyt ganhou uma prova da USAC em Silverstone, Inglaterra. Em pista de rua especificamente a equipe de Foyt jamais havia vencido. Sato fez muita história com essa vitória, não só para ele. Já Graham Rahal conseguiu um excelente segundo lugar para a equipe do pai, Bobby, enquanto que o senhor Wilson presenteou a não menos equipe nanica de Dale Coyne com o terceiro lugar no pódio de Long Beach 2013.
E o que essas equipes tem em comum que tornam o pódio de Long Beach um sinal dos tempos excêntricos na Indy? São todas equipes anãs, pequeninas, tipo uma Marussia na F1 atual, tipo uma Portuguesa no Campeonato Brasileiro. Os proprietários dessas equipes estão na labuta há décadas com suas equipes “pobres” e certamente nenhum deles seria arrogante ou tolo para considerar-se uma potência da IndyCar. A última vitória da equipe A.J. Foyt Enterprises, para se ter idéia, havia sido com Airton Daré em 2002, mais de uma década. Já a equipe de Dale Coyne Racing tem apenas duas vitórias em toda sua história na IndyCar, ambas com Justin Wilson.
Excêntricidade é a palavra do momento
Olhe para esse TOP 5 de Long Beach: Sato (FOYT), Rahal (RLL), Wilson (DCR), Franchitti (GANASSI) e Hildebrand (PANTHER). São cinco diferentes times no TOP 5 da corrida de Long Beach, enquanto na tabela de classificação do Campeonato de Pilotos temos nas cinco primeiras posições exatamente cinco pilotos guiando por cinco equipes diferentes. O ápice de um tipo de excentricidade que não se vê há anos na Indy!
Mas onde estão os pilotos das equipes grandes? Will Power, por exemplo, que é perito em pistas de rua e pistas mistas, em Long Beach, penou para terminar na modesta 16º posição. A frente de Power ficou Sebastien Bourdais, que já venceu em Long Beach por três vezes nos anos de ChampCar. Scott Dixon, bicampeão da Indy, lutou duramente por um 11º lugar, enquanto Helio Castroneves batalhou como condenado para terminar no Top 10.
Por falar em Helio, ele é justamente a parte mais excêntrica de todo esse cenário: ele é lider do campeonato da Indy por um equipe grande sem ter vencido nenhuma corrida ainda.
As novas caras da excêntrica Indycar Series 2013
Ao lado de Sato, no TOP 10 da última prova em Long Beach, apareceram alguns dos rostos mais promissores da Indy. JR Hildebrand, Simon Pagenaud e Simona de Silvestro se misturaram aos grandes nomes como Dixon, Tony Kanaan e Dario Franchitti, que estão longe dos líderes pontos, para tornar esse começo de temporada um dos mais equilibrados de todos os tempos.
Exceto o atual líder Helio Castroneves, nenhum outro piloto da categoria tem mais do que um pódio. Na tabela de classificação, nas oito primeiras posições temos sete equipes diferentes representadas. Em outras palavras, em um final de semana de corrida da Indy qualquer um dos atuais 25-27 pilotos podem ganhar a prova ou ao menos ser competitivo dentro do TOP 10.
Entretanto, será que essa excentricidade continuará em 2013? Só o tempo dirá... mas você deve levar em consideração que ainda não tivemos nenhum oval no calendário e os fãs sabem que os ovais costumam proporcionar mais loterias entre os pilotos que as pistas de rua e as pistas mistas. A próxima corrida será nas ruas de São Paulo, e em seguida equipes e pilotos irão para a Indy 500, sabendo que depois da prova mitológica serão cinco etapas, de seis, em pistas ovais. Se a excentricidade continuar, a IndyCar pode estar construindo uma das temporadas mais emocionantes e competitivas de sua história, como havia previsto Robin Miller ano passado durante respostas para os pessimistas de coração!