segunda-feira, 4 de abril de 2016

O Foytista: Crônicas de St. Petersburg


QUANDO COMECEI A SER FOYTISTA? - Quando vi uma foto do carro de Billy Boat, pole das 500 Milhas de 1998, percebi que tinha nascido pra ser foytista. Era um carro pintado de verde escuro, com bico de águia, estava de perfil sobre a linha de tijolos do Templo da velocidade extrema e levava o patrocínio da Conseco. Fiquei encantado e desejei imediatamente uma miniatura daquele carango. Nem os Penskes da Marlboro ou os Ganassis da Target haviam afetado tanto meu gosto quanto afetou aquele carro do time Foyt (pra mim a pintura mais linda da história da Indy500 ao lado da Lotus verde-amarelo de Jim Clark em 1965!). E nesse dia, ao mesmo tempo em que escolhia o time Foyt para torcer, reconstruí definitivamente meu jeito de assistir o Campeonato de Indy: eu tinha um time para acompanhar, além dos pilotos que admirava e que estavam nos outros times. 


Mas torcer para time pequeno, seja no futebol ou na Indy, é escolher o lado errado das forças. Vitórias são raras, derrotas são constantes e, na maioria das vezes, a esperança "de um futuro melhor" é o que mantem o espírito do time "vivo" ao longo da temporada repleta de batidas e resultados pífios. Os poucos torcedores que se arriscam a buscar diversão torcendo para um time pequeno suar a alma para chegar no TOP 10 das corridas tem um destino comum no caminho trilhado: a tristeza.

Nós, que não somos penskistas, que não somos ganassianos, que não somos andrettistas, nós nos empolgamos com um simples TOP 10; um oitavo lugar então nos proporciona os mais variados sentimentos otimistas, e um TOP 5 com certeza é um tipo de "vitória" que custa mais caro do que para um Roger ou um Chip obter. Uma vitória propriamente dita é sonho durante a maioria das provas. Sato em Long Beach 2013 foi a nossa última glória no victory lane da Indy, e isso aconteceu há quase três anos atrás. Sentiu o drama de torcer para times pequenos?


A coisa fica ainda mais complexa quando sabemos que nosso chefe é ninguém mais, ninguém menos que o homem que dá nome ao time: A.J. Foyt é o tipo de chefe à moda antiga (ao menos era enquanto não tinha passado toda direção do time pro filho e ex-piloto Larry Foyt) e que manda/mandava em tudo com mão de ferro. No entanto, devido principalmente ao estado de saúde do tetracampeão de Indianapolis, hoje o time A. J. Foyt Enterprises conta com mais profissionalismo nas mãos do filho adotivo do SuperTex e, por isso talvez, consegue vez ou outra atingir um bom resultado em etapas isoladas do calendário, como o 2º lugar na rodada dupla de Detroit em 2015. 


Para 2016, o time Foyt manteve a dupla Sato (Japão) e Jack Hawk (Inglaterra), respectivamente o 14º lugar e o 17º lugar no campeonato do ano passado. Ao todo a dupla obteve dez TOP 10: cinco de Takuma e cinco de Hawk, sendo o resultado mais expressivo o 2º lugar de Sato. Bom ou ruim, o fato é que para essa nova temporada eu não estava muito preocupado com a presença de dois pilotos com resultados medianos, o que interessava mais era saber logo sobre o desempenho do novo aerokit da Honda.

Nos treinos para a prova de abertura em St. Pete, tanto Sato quanto Hawk tiveram desempenhos bem impressionantes nos treinos livres e um balde cheio de esperanças começou a encher e transbordar nas minhas expectativas para a corrida de domingo. Fosse Samurai Sato ou o Capitão Jack Hawk, a certeza era de que ao menos brigaríamos por um pódio contra Penskes e Ganassis, e no pior cenário disputaríamos com Andrettis e Schmitdistas o TOP 5.


Três curvas depois dessa foto da largada, Sato já estava com o pneu traseiro direito furado, teve que parar nos pits e foi pra último lugar. O principal piloto do meu time, antes da primeira volta ser concluída, já padecia na rabeira do grid. Seria ou não um dia normal para a nação foytista? Já Hawk caiu de nono para décimo primeiro. Na frente, Pagenaud tomou a ponta e não a perderia mais até o ataque de Montoya na relargada da volta 57. Na verdade, Montoya não tomou a liderança de Pagenaud, ele pulou para segundo, mas como Conor Daly teria que parar voltas depois a disputa pelo segundo lugar na verdade era pelo primeiro. No entanto, Montoya não se preocupou e passou Daly também na relargada da volta 64, após o engarrafamento com dez carros acionar uma amarela.

A partir daí, para o time Foyt, a corrida, que prometia ser de bons resultados, transformou-se na tradicional "batalha mortal por um TOP 10" com a dupla Sato e Hawk flutuando durante 110 voltas entre o oitavo e o vigésimo primeiro lugar, aproveitando-se das bandeiras amarelas para formar estratégias diferentes e ganhar pouco a pouco posições mais a frente.


O momento de maior empolgação minha foi quando Sato, na relargada da volta 57, ultrapassou de uma só vez Servia (que substituiu Poderoso Will com problemas de saúde), Pigot, Chilton e até Hawk. Arrojado como poucos, o piloto mitológico do Japão começava ali a dar a volta por cima em um dia que prometia ser dos piores para a nação foytista.

Na volta 88, Sato ultrapassa Rossi e assumiu a sexta colocação enquanto Capitão Jack lutava bravamente para alcançar o TOP 10. Seus concorrentes eram pilotos como Muñoz, Dixon, Chilton e Kanaan, todos de times grandes, e o 12º lugar por esse ângulo não parecia algo tão ruim para o time. Mesmo assim, faltando quatro voltas pro final, Hawk ainda conseguiu ultrapassar Rossi da Andretti e ficar com o 11º lugar. Foi quase algo comparável a um pódio o que conseguiu a Foyt em St. Pete quando olhamos para todos os fatores envolvidos na trama da corrida. Lógico que seria melhor um TOP 5, porém, depois de tantos reveses o sexto lugar de Sato foi pra lá de satisfatório. Mais uma vez o japa mitou com a Foyt!!!


Próxima parada dos Foytistas será no oval assimétrico de Phoenix!!! Até Lá!

CORRIDA COMPLETA DE ST. PETE
NO CANAL DA INDY