segunda-feira, 30 de junho de 2014

Duas corridas espetaculares na pista de rally-de-rua em Houston


SEM EXAGERAR - Estamos passando por uma fase bem decadente no que diz respeito a popularidade dos esportes a motor tradicionais. A F1, que é a categoria mais conhecida do mundo, cada vez menos chama atenção das novas gerações de espectadores e seus índices de audiência vão de mal a pior em lugares como o Brasil e em parte da Europa. Muitos reclamam da qualidade dos eventos, dos horários, da acessibilidade aos pilotos nos boxes, reclamam da competição entre as marcas, reclamam muito das ordens de equipe, do policiamento exagerado e das punições exageradas, etc, para justificar o desinteresse pela categoria do Tio Bernie.

Contudo, talvez se as pessoas que apreciam competição a motor tivessem a chance (entenda-se aqui que: a Indy não tem um contrato de transmissão das corridas ao vivo em emissoras populares mundo afora e dentro do próprio EUA) de se ligar nos eventos da Indycar as futuras gerações aprenderiam facilmente a apreciar um estilo de corridas de monopostos competitivo e extremamente equilibrado, com manobras espetaculares e pilotos habilidosos disputando ferozmente cada posição. 

Nesse fim de semana, na pista de rally-de-rua de Houston, tivemos duas corridas de alto nível e, ao mesmo tempo, emocionantes para quem acompanha a luta pelo título. Infelizmente a cobertura pífia da Bandeirantes em seus dois canais possíveis para a Indy deixaram a rodada dupla quase que esquecida na memória já defasada do nosso povo fã de automobilismo.
Melhores momentos da Corrida 1, no sábado

Para quem não viu, as duas corridas em Houston tiveram momentos maravilhosos, ultrapassagens sensacionais (Sato sobre Pagenaud debaixo de um aguaceiro é digna de exaltação!), erros estúpidos, equipes pequenas dominantes, times grandes se ferrando - a Indy conseguiu em dois dias ser tão imprevisível quanto um ano inteiro da F1, sem menosprezar as diferenças gritantes entre ambas, mas... o assunto é emoção e fascínio pelas ultrapassagens em condições terríveis, como foi na pista acidentada de Houston. Esse é atualmente o charme mais perceptível da categoria americana que corre em ovais. 

Tanto os times nanicos podem fazer poles e conquistar vitórias quanto os times grandes e milionários podem perder pontos preciosos em manobras equivocadas de pilotos veteranos na busca pelo título. E os novatos? Na Indy os novatos podem vencer também, podem fazer pole, um novato pode destruir ou ser destruído sem que para isso precise pagar um zilhão de dólares para estar dentro de uma Mercedes ou de uma Ferrari.

A vitória de Huehuehuehuehuehuertas, no sábado, guiando um carro da clássica equipe nanica do mito Dale Coyne, pode ter sido obra do acaso e não refletir exatamente a conquista de um exímio piloto, porém deixou em evidência aquilo que todos gostariam de ver em outras categorias, não só a F1: oportunidade do pequeno time também alçar voos mais altos. A dobradinha do também time pequeno de Sam Schmitd, no domingo, durante a segunda rodada, apenas reforçou a certeza de que qualquer um entre 23 carros que estão em temporada completa podem vencer uma rodada da Indy
Melhores momentos da Corrida 2, no domingo

Outra coisa dessas corridas no Texas foi o desgaste excessivo pelo qual passou todos os concorrentes a vitória. Além do calor infernal, olha como ficou a mão de Montoya em consequência de guiar numa pista de rally-de-rua com um carro de 750cavalos e sem direção hidráulica. Asfalto lisinho? Facilidade para fazer uma curva? Sem bumps? Não, isso não existe na Indy que corre em Houston!!! 

Mão de Montoya depois da corrida de Houston

Dica para quem vai assistir a segunda corrida: preste atenção no jeito que Poderoso Will conduz sua máquina. É um espetáculo à parte como esse australiano lembra os pilotos mais malucos e exagerados da história. Para quem gosta de show, Power é o lado divertido em uma corrida de Indycar.

Então, fica a dica: quer apresentar corrida de carros para seus filhos/sobrinhos/netos? Comece mostrando esses dois clássicos imediatos dos monopostos americano! Curta SEM moderação o que é divertido na Indy!

COMO FICOU A LUTA
PELO TÍTULO DA TEMPORADA




quinta-feira, 26 de junho de 2014

McLaren de Mark Donohue experimentada por Alex Lloyd


INVEJA DEMAIS! - Esse piloto com uma câmera no capacete é Alex Lloyd. O carro é o clássico indycar da McLaren que foi guiado por Mark Donohue (sem aquela piadinha do Huehuehuehueuertas, please!) nas 500 Milhas de 1972. A experiência foi descrita pelo próprio Alex no link do site onde ele trabalha. 


quinta-feira, 12 de junho de 2014

500 Milhas pela câmera onboard de Juan Pablo


VAMOS COM ELE - Pegar uma carona com o mito das pistas velozes durante a edição histórica das 500 milhas de Indianapolis desse ano. Melhor se você ainda puder escutar a comunicação entre piloto e o spotter. Faltou apenas o som do motor, às vezes fica um silêncio irritante. Mas quando deixam Montoya bravo... Grande vídeo para quem é um enamorado eterno dessa categoria fodona!


Das arquibancadas: as 500 Milhas 2014 na Curva 1


A MECA DOS INDYANISTAS - Como seria assistir as 500 Milhas com a perspectiva da Curva 1, dentro dos camarotes da Penthouse (será que rola uns filmes por lá? rs), eu me perguntei? Daí fuçando no Youtube (minha amada televisão aberta de verdade) encontrei essa beleza de filmagem. Um fã editou e postou sua experiência de assistir as 500 Milhas desse ano justamente na Curva 1 do templo da velocidade. A quem sonha como eu um dia estar lá, fica a dica de um bom lugar para se ver as melhores partes da corrida!


quarta-feira, 11 de junho de 2014

Aqui se faz, aqui se conquista!


COLHENDO FRUTOS? - Mais uma vitória e os rumores e boatos aumentaram em um time nanico da Indy. Estaria Ed Carpenter Racing pronta para adicionar outro um carro em tempo integral? Suportaria um aumento significativo a pequenina equipe do carro-cachaça dividido entre Ed e Mike?

Isso é pulga atrás da orelha do Carpinteiro. Segundo o próprio, em entrevista recente ao RACER, a ideia é fazer o time crescer em ritmo cadenciado, sem muita pressa, só na manha, mostrando potencial a cada etapa do campeonato, fazendo sucesso devido aos resultados obtidos pelo time e não através de um investimento fora do normal para quem não tem tanta grana quanto um Roger ou um Chip.

Entretanto, as glórias do carro #20 começam a se acumular no ano de 2014: Mike venceu em Long Beach, Ed fez a pole nas 500 Milhas e agora Ed ganhou no Texas. Parece coisa pouca, não vai proporcionar a disputa pelo título, sim, eu sei, porém, mesmo assim, é algo significativo para quem é um dos times mais nanicos da Indy atual. A.J. Foyt e Bryan Herta são os outros dois donos de times megananicos. E olha que Takuma Sato tem duas poles...

Melhores momentos no Texas 2014

O favorito absoluto para assumir em temporada integral o segundo carro no time ECR é J. R. Hildebrand – para delírio de José de Ribamar: o maior fã brasileiro vivo desse jovem e azarado piloto americano. A possibilidade que vem sendo imaginada é a adição do segundo carro integral com Hildebrand e Mike Conway com o Ed levando o carro-cachaça!

 A vitória no sábado, contra duas Penskes – Montoya e Power – me evidenciou o poder terrível que uma equipe nanica pode construir sendo bem administrada por um piloto-patrão como Ed Carpenter. Maior revelação do ano na Indy? Absolutamente, jogada de gênio, Ed se tornar piloto e chefe de equipe!

Na briga pelo título do campeonato, agora Power tem 370 e lidera a peleja. O brasileiro Helio tem 331 e está sendo seguido de perto por Hunter-Reay com 310 pontos. Alguém arrisca um palpite para o título da temporada? Lembrando que Pagenaud, o quarto, tem sido bem consistente tanto em mistos/rua quanto ovais. 

domingo, 1 de junho de 2014

Próxima parada da Indy: Texas Motor Speedway


DIA 7 - É uma das noites mais aguardadas pelos fãs da Indy porque teremos a corrida no magnífico oval de Fort Worth, Texas. Esse rápido oval texano tem 2,4 quilômetros de extensão e aproximadamente 190 mil lugares para os fãs. Só perde em capacidade para Indianapolis entre as pistas que compõem o calendário. O traçado desse oval tem certas semelhanças com as pistas de Charlotte e Atlanta, que não por acaso são do mesmo proprietário.


Todos os vencedores da Indy no Texas


O recorde da pista foi estabelecido por Paul Tracy em 2001 com um tempo de 22.542 segundos, pelo Campeonato da CART. O banking da pista do Texas chega aos 24º graus de inclinação. Nesta foto abaixo vemos pilotos da Nascar e James Hinchcliffe da Indy tentando jogar basquete no banking do oval. Aquele famoso oval de Monza tinha banking com um pouco mais de 30º graus... então, nesse aqui do Texas também é como andar numa parede de asfalto por alguns segundos a mais de 360km/h. 




VÍDEOS DA INDY NO TEXAS

Marco Andretti, 2010, com comunicação pelo radio

Simona pegando fogo em 2010

O monstruoso acidente de Kenny Brack em 2003

Dan Wheldon capotando no Texas em 2008

Dixon batendo forte em 2012


Homem-Aranha ataca em Detroit


NA BRIGA PELO TÍTULO - Helio entrou definitivamente na briga pelo campeonato 2014 da Indy. Essa vitória consolida um mês de maio onde o piloto brasileiro conseguiu dar um salto na classificação e agora está na vice-liderança no início do mês de Junho. Teremos agora a temporada com os ovais, lugar onde o Caçador é bom, Will Power e Pagenaud costumam ir mais ou menos e onde o Helio tem condições de brilhar e arrancar para tomar a ponta da tabela. 

Corrida 2 em Detroit, melhores momentos

Corrida irretocável de Helio, vigésima nona vitória do brasileiro, e uma aula de agressividade de Will Power. Uma pena que para dar o show ele acabe prejudicando outros pilotos. Muito legal ver o australiano saindo de traseira e fazendo a curva de lado. Fim de semana perfeito para Roger Penske!

Power destruindo tudo e todos



Mais um dia de glória para a nação Foytista



BOA SAMURAI! - Gosto de quase todos os times, cada um tem algo interessante para nos chamar atenção. Mas não nego um carinho especial pela equipe nanica do velho mito da USAC, A. J. Foyt. Sato é talvez o mais talentoso piloto que carregou o clássico número #14 nos últimos anos e é com certeza o melhor japonês que tivemos no grid de um campeonato de Indy. Essa é a quinta pole de Takuma Sato na Indy, a segunda nessa temporada. Sato ainda tem a histórica vitória em Long Beach e a eterna batalha com Dario Franchitti pela vitória nas 500 Milhas de 2012. Seu nome na Indy está mais do que inscrito, o que vier agora é lucro para ele e para A.J.

Obrigado Takuma, por mais essa glória para a nação Foytista.

Melhores momentos dos treinos
pra corrida 2 de Detroit

O "jogo de xadrez" da Indy: Corrida 1 em Detroit



DURA REALIDADE - Ontem a vitória de Helio aconteceria em qualquer outra categoria do mundo, menos na Indy atual. Ele tinha o melhor carro, liderou a maior parte da corrida com folga, fez paradas precisas e sem erros, porém terminou em quinto e viu seu companheiro de time, que largou mal, que tocou no carro de Pagenaud, que saia de traseira lambendo os muros e dançava freneticamente volta a volta, vencer.

Injustiça? Porcaria de categoria anárquica? Não, não exatamente isso. A questão é que na atual configuração da Indy a competição dentro e fora da pista aumentou significativamente. Hoje vale e muito uma estratégia ousada para determinadas corridas e uma estratégia conservadora para outros tipos de corridas. Depende do circuito, depende dos componentes do time. 

TOP 8

Em uma pista de rua da Indy, como foi ontem em Detroit, quem larga mal não está absolutamente fora da briga por um lugar no TOP 5 ou mesmo para lutar pela vitória. Uma das razões é a certeza de que haverão bandeiras amarelas. Pista de rua na Indy tem uma similaridade com as corridas em oval da Nascar: bandeira amarela rola muitas vezes e isso permite diversos embaralhamentos de estratégias. Raras foram as ocasiões onde isso deixou de se confirmar em uma pista de rua. E antes que alguma viúva erga a voz e solte alguma lamúria eu vos informo: "na finada CART também era assim!"

O embaralhamento que uma bandeira amarela provoca nas estratégias dos times faz da corrida em rua um jogo de xadrez anárquico e violento onde o "Peão" pode tanto quanto o "Rei" vencer uma prova. Ontem, por exemplo, vimos Will Power largando abaixo do TOP 10 e vencendo a prova. Meu querido pai, hoje de manhã lá do sítio, me indagou inconformado "que merda foi aquela? O Helio estava liderando com folga, fui tomar banho e quando voltei para terminar de assistir o Will Power tinha vencido. Porra, só esse cara vence na Indy, que saco!". Sim, meu pai só gosta quando brasileiro vence, ele faz parte desse povo educado pela Globo e filiais. Mas assistia Indy comigo desde os tempos do Emerson, então ele carrega um ar viuvesco quando pensa em Indy. 

Cada bandeira amarela gera automaticamente uma "janela pro pit" permitindo que qualquer piloto faça uma parada. Se o piloto está largando lá atrás, abaixo do décimo lugar, ser conservador na estratégia e só parar junto com os líderes não levará ele muito adiante, então ousadia aqui é regra. Quando surge a primeira amarela os pilotos que estão nesse ponto do grid são os primeiros a entrar. Tradicionalmente, a primeira janela para os líderes ocorre entre a volta 26 e 32 em traçados de rua. 

Com isso, aquele piloto que largou lá atrás e parou na primeira amarela, terá algumas voltas nas primeiras posições e ficará na espera de novas amarelas para ir assim galgando posições entre os carros do TOP 10. Isso ocorreu ontem com a estratégia de Will Power e, ao mesmo tempo, ferrou a corrida perfeitinha que Castroneves vinha fazendo. O que aconteceu com Helio é que ele ficou preso em um "bloco" lento quando retornou entre pilotos com estratégias diferentes. Isso atrasou ele e permitiu que Power retornasse a frente de Helio depois da sua última parada.


"Mas então é quase impossível saber quem vencerá a segunda prova em Detroit?" pergunta o assustado fã. Sim, isso quer dizer que o "Peão" pode dar o golpe fatal no "Rei" assim como o "Rei" pode vencer de forma tranquila o "Peão" sem muitas posses. Mas hoje eu acredito que Helio seja o grande favorito para vencer, o carro está no limite do acerto perfeito.