HOMENAGEM - De Tony Kanaan a seu pai, falecido há vinte seis anos atrás. Emocionante.
"Há 26 anos neste dia vc se foi. Nao me esqueço nunca do seu pedido pra mim: 'Filho cuide da sua mãe e sua irmã e nunca pare de correr'. E assim venho levando a minha vida cumprindo com a minha promessa. Não tem um dia que não penso em você. Saudades meu amigo."
NOVIDADE EM HINCHTOWN - Que Hinchcliffe é o sujeito que melhor "vende" sua imagem de piloto "nova geração" entre aqueles que compõe o grid da atual temporada da Indycar Series não há dúvidas. James criou uma cidade virtual chamada HINCHTOWN onde se autoproclamou "O prefeito". É através desse site que o piloto interage com seus fãs e lança vez ou outra alguma promoção ou alguma brincadeira. E se você for fazer uma visita virtual em Hinchtown não se esqueça de experimentar a novidade de hoje na cidade:
MUITO A MELHORAR - Montoya terminou a etapa de St. Pete da Indy em um modesto 15º lugar. Foi, na minha opinião, um desempenho fraco do colombiano que fez uma corrida burocrática e sem grandes ousadias. Porém, temos que esperar a adaptação do piloto veterano, foi só a primeira corrida, e todos sabem que a exigência física de uma corrida de rua guiando um Dw12 é muito além do que estava acostumado a aguentar na Nascar o corpo "atlético" de Pablito. É bem provável que Montoya melhore seu rendimento a partir das 500 Milhas, como foi para Allmendinger ano passado e que teve seu melhor resultado em um oval. Entretanto, esse vídeo não deixa de ter momentos interessantes da participação de Juan no GP de St. Pete: uma largada boa, uma disputa contra Pagenaud e o ataque sensacional do Marco na reta principal com Jack Hawk se aproveitando da situação. Montoya foi engolido pelos dois!
SE TIVER QUATRO RODAS... - Esse simpático francês que disputa a temporada 2014 da Indy é capaz de guiar e guiar com muita habilidade e, principalmente, velocidade. É raro hoje em dia os pilotos, no geral, se arriscarem fora de uma determinada categoria que consideram "o topo" de suas pretensões. Antigamente Foyt, Mario, Bettenhausen, Dan Gurney, Emerson, entre outros, se arriscavam em diversas categorias da época fosse o que fosse - fosse NASCAR ou protótipos ou midgets. Só uma coisa importava: guiar e se divertir.
Lógico que o mundo hoje não é mais tão romântico para os pilotos de carro, que na nossa atualidade os pilotos assinam contratos que muitas vezes vetam participação em eventos que fujam de uma determinada agenda de compromissos que custa geralmente milhares de dólares pros envolvidos. Também é lógico que muitos pilotos nem se importam em demonstrar o quanto conseguem ser versáteis e habilidosos em diversos equipamentos do automobilismo.
Mas para nossa sorte existe hoje Simon Pagenaud que disponibilizou no Youtube vários minutos com onboards especiais em cada uma das categorias que já correu. Quem teve um papel importante na carreira de Simon foi o brasileiro Gil de Ferran, com quem o francês disse ter adquirido muitos aprendizados importantes para seu desenvolvimento como piloto. Aproveite a diversão!
Pagenaud guiando o Peugeot 207
com o qual iria vencer, nessa mesma pista,
o Rallye National de laVienne, na França, 2014
Pagenaud guiando um carro de Fórmula Indy
da equipe Sam Peterson Motorsports em St. Pete, 2014
Pagenaud guiando um carro da Highcroft Racing com motor Honda, ALMS, 2011
ERA 1987 - O grid contava com os seguintes nomes: Mario Andretti - que venceu esse Grande Prêmio de Long Beach -, Al Unser Jr. - 'The KING' de Long Beach - em segundo, o mito setentista Tom Sneva em terceiro, menino Michael em quarto, Josele Garza em quinto, Chip Robinson em sexto, Didier Theys em sétimo, Randy Lewis em oitavo, o super Rick Mears em nono e Jeff MacPherson fechando o TOP 10.
O restante do grid, do décimo primeiro ao vigésimo quarto, foi: Tony Bettenhausen Jr., Roberto Guerrero, Rocky Moran, Arie Luyendyk, Ludwig Heimrath Jr., Geoff Brabham filho do tricampeão de F1 Jack Brabham (e pai do atual piloto de Indy Lights Matthew Brabham), Fabrizio Barbazza, Kevin Cogan, Emerson Fittipaldi, Dick Simon, Dennis Firestone, Danny Sullivan, o mito setentista Johnny Rutherford e fechando em último lugar o carequinha Bobby Rahal.
Outra coisa interessante desse vídeo é a transmissão dinâmica da Bandeirantes, que na época se esforçava para trazer a Indy para o Brasil. Aliás, se tem algum mérito o Luciano do Valle foi o de sempre acreditar nesses esportes americanos que ele insistiu muito em acrescentar ao final de semana da emissora da Família Saad. Pessoal da Indy e do futebol americano deve e muito a esse ilustre senhor, que como você poderá conferir narrava que era uma maravilha!
Voltando a prova de 1987 em Long Beach, repare as diferenças monstruosas que os carros ficavam uns dos outros nesse período da CART e mesmo assim as arquibancadas estavam lotadas, abarrotadas, repare isso nas imagens do vídeo. Muita gente diz que Tony George foi o principal responsável pela destruição dos monopostos americanos, mas acredito que além dele um fator que acabou ajudando no declínio da categoria foi a falta de novos personagens interessantes para o grande público se apegar, torcer, apoiar e querer assistir todos os domingos. Não temos mais Mario, Bobbys, Unsers, Michael, Mears, Emerson, Sneva, Rutherford, entre outros, e quando seus filhos e parentes tentaram alguma coisa nas pistas da Indy sempre o fracasso acompanhou essas tentativas dos sobrenomes famosos.
Quando vemos Marco e Graham recheando o meio do grid em diversas corridas da atualidade tomamos consciência da falta que faz um sobrenome familiar demonstrando na pista que "o sobrenome tem poder" para que a mídia casual de esportes faça uma publicidade extra da categoria e ajude em seu crescimento entre fãs casuais. O título de Hunter-Reay, mesmo sendo americano, não causou impacto nenhum na grande mídia americana, o que seria completamente diferente caso fosse Marco. No mundo perfeito, Marco seria campeão três vezes seguidas campeão de Indianapolis e tetracampeão do Campeonato da Indy, e assim logo associariam sua imagem às glórias do avô e do pai na Indy e F1; e os fãs de Michael e Mario, que hoje em dia nem gostam mais de Indycar, com certeza se interessariam em acompanhar as habilidades do novo Andretti campeão. Entretanto... Marco é só mediano e provavelmente encerre a carreira na Indy sendo só um piloto médio.
As rivalidades familiares somadas aos grandes pilotos surgidos nas dirt tracks da USAC sempre moveram a Indy no passado. Já o presente momento...
DEMONSTRAÇÃO - De como é fácil guiar um carro de Indy na atualidade. Curvas para o mesmo lado, poucos esforços, pistas lisinhas para evitar barbeiragens dos "braço-duro" da categoria, enfim, não se salva um. Moleza guiar nessa categoria de monopostos americana que só corre em ovais.
NO DIA DO TRABALHO - Era dia 2 de Setembro de 1946 e o promotor de corridas Sam Nunis resolveu levar para o famoso e traiçoeiro oval de terra de Lakewood, Atlanta, uma corrida com carros de Indianapolis. O evento contaria com grandes nomes do automobilismo americano do pós-Guerra como o mito das "dirt tracks" Ted Horn (ganhador do Campeonato de Indycars sancionado pela AAA em 1946, 1947 e 1948; Horn marcou em sua carreira 24 vitórias, 12 vezes em segundo lugar e mais 13 vezes em terceiro. Ele só não foi mais glorioso porque morreria no dia 10 de Outubro de 1948 disputando uma corrida no clássico oval de terra de DuQuoin State Fairgrounds Racetrack, região próxima onde nasceu o personagem Michael Myers de John Carpenter rs), o inglês George Robson campeão da primeira 500 Milhas de Indianapolis depois da Segunda Grande Guerra (que ocorreu meses antes dessa etapa) e o popular ciclista texano George Barringer.
Foto da esquerda: Barringer/ foto da direita: Robson
Nesta corrida em Atlanta, anunciada pelo promotor Nunis como "a Indianapolis do Sul", os competidores usariam carros antigos da Indy já que a escassez de recursos naquele período de reconstrução da economia mundial era grande e o jeito foi reaproveitar o que tinham disponíveis nas garagens dos times. Com isso, George Robson acabou competindo no carro que foi campeão das 500 Milhas de 1938 guiado por Floyd Roberts. O problema é que foi nesse mesmo carro que Floyd havia morrido em 1939, disputando as 500 Milhas, como você pode ver nesse vídeo AQUI.
Também foi convidado a participar da corrida o ciclista texano George Barringer, que havia feito meses antes as 500 Milhas de Indianapolis de 1946 com o famoso "Tucker Torpedo Special" de motor traseiro, construído por Harry Miller. Mas Barringer não teve sorte nessa sua tentativa em Indianapolis já que poucas voltas depois da largada seu carro abandonaria devido a uma falha mecânica irreparável. Porém, para o evento de Lakewood, Barringer não guiaria o carro de Miller e sim um carro feito pelo tricampeão de Indianapolis, o mitológico Wilbur Shaw. Com esse modelo de 1937 Wilbur havia conseguido uma vitória nas 500 Milhas de 1937 e um segundo lugar no ano de 1938. Ao todo eram três carros no grid para a Lakewood 100 que haviam vencido as 500 Milhas de Indianapolis, sendo esse um dos motivos que fez o esperto promotor Sam Nunis explorar a prova como a "Indianapolis do Sul" durante seus eventos promocionais.
Contudo, diferente de Indianapolis, a pista de Lakewood tinha algumas características que deixava ela traiçoeira e perigosa para carros tão velozes quanto eram os carros de Indianapolis na época. Uma das características preocupantes dessa pista para a corrida do Dia do Trabalho de 1946 era que o barro do antigo traçado estava desgastado demais e isso contribuiu para que quando os pilotos completassem as primeiras voltas da corrida mais ninguém da arquibancada ou de qualquer outro ponto do lugar conseguia distinguir com clareza o que se passava com os carros que duelavam freneticamente em meio a uma imensa nuvem de poeira alaranjada.
O ingrediente perfeito para o "big one" maligno estava acrescentado ao destino de alguns pilotos.
Faltando poucas voltas para o fim da corrida, o piloto Billy DeVore teve problemas no motor do seu carro de cor laranja similar a cor das abóboras que costumamos ver no dia das Bruxas americano e entrou nos boxes. Porém, o dono da equipe, querendo uma premiação maior para o carro, exigiu que o piloto voltasse para a pista e finalizasse a corrida no melhor lugar possível. Essa foi a ganância que custou duas vidas.
DeVore, então, saiu dos boxes e se posicionou na linha inferior do traçado oval, a fim de não atrapalhar quem estivesse mais rápido e ainda assim conquistar uma melhor colocação para o carro. O carro de Billy estava bem mais lento que os demais, a poeira alaranjada não permitia uma boa visibilidade para ninguém e George Robson que vinha atrás de DeVore não conseguiu observar a tempo a situação crítica do carro laranja para desacelerar e ultrapassar sem maiores danos. Ao contrário, quase em cima de DeVore, George instintivamente tirou seu carro para a direita, tentando no último momento evitar a colisão, e nesse desvio de rota atingiu o carro de Barringer. O contato lateral das rodas foi inevitável entre os dois carros.
O carro desgovernado de Robson ricocheteou no carro de Barringer a mais de 100 milhas por hora e voltou para a linha interna, acertando em cheio o carro lento de DeVore. A pancada foi tão monstruosa que o carro de DeVore capotou várias vezes e terminou de cabeça para baixo em uma vala com três metros de água parada, na parte interna da pista. Fãs que invadiram a pista após o acidente conseguiram resgatar DeVore.
Destino mais terrível teve o então atual campeão de Indianapolis neste acidente: enquanto o carro capotava seu corpo foi arremessado para o meio da pista e seu corpo atropelado por no mínimo dois carros que cruzavam os destroços em meio a nuvem de fumaça e poeira. Barringer, que teve o contato inicial com Robson, bateu no muro e ficou atravessado na pista até ser atingido em cheio por Bud Bardowski, que mal sabia da carnificina que acontecia dentro daquela nuvem laranja de poeira. Bardowski arrastou o carro de Barringer por centenas de metros até parar em frente aos pits.
Bardowski e DeVore saíram com vida do acidente, sem lesões graves pelo corpo: Bud com cortes faciais e Billy com uma clavícula quebrada. Já Robson e Barringer não tiveram a mesma sorte, ambos mortos em consequência de terríveis lesões, principalmente Robson que foi estraçalhado na pista depois do atropelamento.
Ted Horn, que liderava a prova até o momento do acidente, bateu em alguns destroços espalhados na pista, estacionou o carro e tentou fazer sinal para que os demais pilotos diminuíssem a velocidade para não se envolver no acidente. Horn, depois de voltar ao cockpit e terminar as voltas restantes, foi declarado vencedor da Lakewood 100, poém, depois de uma semana a vitória foi dada a George Conner, que protestou contra o resultado final.
A última corrida realizada em Lakewood foi em 1979 e hoje restam poucos trechos da antiga "Indianapolis do Sul". No lugar onde Robson e Barringer perderam suas vidas existe hoje um estacionamento de teatro.
Trechos da prova trágica de 1946
Ironia ou coincidência, esse ano a Indy terminará exatamente no Dia do Trabalho, no oval de Fontana!