terça-feira, 14 de março de 2017

Tião Bourdais e a Redenção do Menino de Le Mans


SUPERAÇÃO - Nada é mais difícil para o piloto de Indy do que reverter uma péssima posição no grid de largada. Em oval, a situação até que é mais possível e provável de ser revertida, basta o carro ter um bom acerto para corrida e uma estratégia inteligente sendo pensada a cada volta pelos engenheiros. No circuito misto, a situação já fica mais complicada, afinal de contas as corridas de Indy em autódromos permanentes costumam parar menos por causa de uma bandeira amarela. No entanto, nas pistas de rua, largar na última posição é simplesmente a condenação ao pior cenário para qualquer pretensão do piloto. 

Óbvio que se você for piloto do Esquadrão da Penske, que coloca um orçamento monstruoso para disputar a temporada completa com quatro carros mais um quinto para Montoya em Indianapolis, suas chances na corrida poderão ser maiores caso a posição no grid seja desfavorável. Se você defende o time do Chip Ganassi, largar em último e vencer pode acontecer tal como foi com Dixon em Mid-Ohio em 2014. Até com uma Andretti você teria chances de reverter uma posição de largada ruim.

Agora, largar no último lugar, pilotando o carro do time "mais pobre" da Indy moderna (Dale Coyne) e, ainda por cima, vencer a prova usando o contestado motor Honda deixando em segundo e terceiro lugares na corrida de St. Pete uma Penske (pilotada pelo atual Campeão da categoria) e uma Ganassi (do mito Dixon), só um Tião Bourdais poderia realizar!


Largar em último e vencer é o "conto de fadas" perfeito para o final de semana de qualquer piloto de Indy (ou outra categoria). Até para o frio Bourdais a história de heroísmo e superação de sua corrida foi capaz de surpreender os sentidos e emocionar seus fãs de forma intensa. Segundo o próprio, ele não se lembra de ter recebido tantas felicitações por uma vitória como depois de vencer em St. Pete no domingo passado. A trama clássica do "time pequeno" batendo nos times ricos ainda é a preferida dos amantes da velocidade mundo afora. O elemento da imprevisibilidade teima em resistir no automobilismo para alegria de muitos! 

Conheça a pista de St. Pete de carona com Conor Daly

Entretanto, não se iluda com a Dale Coyne e o seu papel para essa temporada, o time já esteve mais fraco antes de 2017. Para esse ano, o projeto pode ser considerado ousado: Bourdais conseguiu trazer para o time Craig Hampson, que tinha uma proposta tentadora da Andretti Autosport, e Olivier Boisson, que era o engenheiro de Tião na extinta equipe da KV. Somado a isso, a Coyne colocou no segundo carro o atual campeão da Indy Lights, Ed Jones, grande promessa inglesa para o futuro da Indy. Na primeira corrida, Bourdais vence e Ed, único rookie do ano, termina em um honroso 10º lugar. 

A perspectiva para o futuro só pode ser a melhor possível já que, na sequência, teremos outra pista de rua no calendário, especialidade de Bourdais. No currículo, o francês traz, somando o triunfo em St. Pete, 16 vitórias nas pistas urbanas, 3 dessas vitórias em Long Beach, próxima etapa do Campeonato. Parece que Dale Coyne e Bourdais incomodarão os times ricos e os pilotos favoritos por mais 16 etapas!






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