quarta-feira, 26 de abril de 2017

Newgarden: a aposta de Roger Penske que começa a dar certo


JOSEF - Foi um talento cultivado por uma indyanista de suma importância para o esporte a motor: Sarah Fisher. Sem ela Newgarden hoje estaria correndo, quem sabe, na IMSA ou na NASCAR, e o sonho de brilhar na Indy - que ele alimenta desde 2011 - não passaria disso: UM SONHO. Fisher não permitiu esse desperdício de talento e fez esforços inimagináveis para permitir ao garoto do Tennessee uma sobrevida na principal categoria de monopostos das Américas. Daí, em 2016, a lenda Roger Penske resolveu contratar a promessa do "Estado dos Voluntários". E essa tradição em garimpar talentos não é novidade para o mais tradicional time da Indy.


Quando, em 1978, o então piloto da Penske, Mario Andretti, decidiu buscar o título Mundial de F1, Roger não teve dúvidas em chamar um piloto promissor, nativo do Kansas, que havia sido observado por ele mesmo dois anos antes durante as 500 Milhas de Ontário. Até então Rick Mears carregava consigo o título de rookie da temporada 1976 da USAC e nada mais. Diferente de Newgarden, Mears chegou sem nenhuma vitória antes de entrar no cockpit de um carro da Penske. Seu melhor resultado havia sido o 5º lugar na Milha de Milwaukee em 1977 guiando um chassi da McLaren defasado. Quando terminou sua carreira na Penske em 1992, Rick tinha escrito uma história com 29 vitórias e 40 poles!

Newgarden, ao contrário de Rick quando chegou ao time de Roger, trazia com ele uma bagagem de 83 corridas de Indy disputadas por times pequenos do grid e 3 vitórias no currículo: Barber (misto), Toronto (rua) e Iowa (oval), demonstrando a Roger e Cindric habilidade ímpar para ser competitivo tanto em ovais quanto em mistos/ruas, algo indispensável para os pretendentes ao título da Indy. Contudo, o "fantasma da primeira vitória" é uma assombração real na vida de todo piloto que evoluí do time pequeno para o time com estrutura superior. Pagenaud, como um exemplo mais recente, sofreu muito com a expectativa por sua primeira vitória na Penske, sendo inclusive contestado como "uma aposta que deu errado" ao final da temporada 2015. Daí veio 2016 e o francês fez o que fez.


Mas, para o garoto de Nashville, esse problema já é coisa do passado: a vitória de domingo no Grande Prêmio do Alabama, seu segundo triunfo na pista, já o coloca automaticamente como o grande concorrente ao título da Indy de 2017. Com habilidade e ousadia, saiu do sétimo lugar para o terceiro, e quando Dixon bobeou em uma das relargadas, Josef não teve dúvidas em meter seu DW12 lado a lado com o carro #9 do tetracampeão e roubar o segundo posto do neozelandês. Óbvio que Will Power, o líder da prova até restar menos de 15 voltas pro fim, deu um azar monstruoso com um pneu perdendo pressão e a necessidade da parada nos pits, mas para um talento brilhar outros talentos precisam estar numa época de trevas. E tanto Power quanto Helio parecem estar vivendo no lado escuro da sorte no automobilismo.

Evidente que é cedo para afirmar que o futuro será glorioso para Newgarden na Indy como foi para Mears nos anos 70 e 80 ou como foi para Pagenaud em 2016, porém se a sua certeza depende de uma demonstração real da capacidade técnica e física do garoto americano em conduzir o carro #2 de forma agressiva e hábil nos três tipos de traçados presentes no calendário então a segunda vitória dele em Barber prova irrefutavelmente que Penske acertou mais uma vez no alvo!

TOP 5 NA TABELA DE CLASSIFICAÇÃO 2017 
APÓS 3 ETAPAS

Tião Bourdais = 117 pontos
Scott Dixon = 111 pontos
J. Newgarden = 110 pontos
S. Pagenaud = 106 pontos
James Hinchcliffe = 102 pontos

sábado, 22 de abril de 2017

Barber Motorsports Park - Estatísticas 2017


BARBER - É, dos circuitos mistos americanos recentes, o mais belo, maravilhoso, lúdico, cinematográfico de todos. O traçado possui subidas, descidas, gramados por todos os lados, bosques, morros, enfim, uma inspiração absoluta nas mais belas pistas europeias de cinquenta anos atrás, quando Tilke ainda era uma criança feliz. Talvez o grande pecado de Barber seja a falta de uma reta maior, porém isso se torna irrelevante se levarmos em conta que a essência do projeto de Alan Wilson era o de criar uma pista para motos e não monopostos!

A Indy corre por lá desde 2010. Até agora foram sete corridas no circuito misto de Leeds com quatro pilotos diferentes vencendo as provas. Na inauguração em 2010, o brasileiro Helio Catroneves brilhou com seu Penske #3 e fez a festa. No ano seguinte foi a vez do Poderoso Will receber a quadriculada em primeiro, e ele repetiria o feito em 2012. Ryan Hunter-Reay foi outro que venceu duas seguidas em Barber, 2013 e 2014, o que deixa claro porque o considero o melhor piloto americano do grid, capaz de vencer mistos/rua e ovais se tiver um carro competitivo. Em 2015, Newgarden, a grande aposta americana para o futuro da Indy, conquistou a sua primeira vitória na carreira. E no ano passado Simon Pagenaud saiu com a vitória que assegurou sua chegada a Indianapolis como líder do Campeonato. 


FONTE: http://www.champcarstats.com/tracks2/barber.htm


Nas estatísticas gerais de todos os pilotos que disputaram corrida em Barber, o líder é Will Power e a pior é Milka Duno (MILF Driver). Abaixo segue o TOP 10.

PilotoLargadasDNS/QVitórias
Poles
WillPower70200323
RyanHunter-Reay70200011
HelioCastroneves70102002
JosefNewgarden50101000
SimonPagenaud60100111
ScottDixon70042000
GrahamRahal70020100
MarcoAndretti70010110
DarioFranchitti40002000
CharlieKimball60000100

A corrida da Indy em Barber acontecerá amanhã, com transmissão ao vivo da Tv Bandeirantes a partir das 16:10 da tarde (horário de Brasília). Hoje, sábado, teremos o treino classificatório transmitido apenas para os Estados Unidos.


Câmera no Capacete - Barber 2017 - Hunter-Reay


Câmera no Capacete - Barber 2017 - Graham Rahal

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Fernando Alonso: o carro número #29 no grid das 500 Milhas de Indianapolis


QUANDO A BOMBA - Jornalística explodiu na manhã de terça-feira passada, 12 de abril, poucas pessoas acreditaram de imediato. Sentado no trono, celular na mão, acessei o grupo da Indycar Brasil no Face e me deparei com aquilo que a princípio tinha toda cara de "piadinha de primeiro de Abril". Contudo, após entrar no site do Racer o impossível se concretizava na realidade: Fernando Alonso estava inscrito para disputar as 500 Milhas de Indianapolis de 2017 através de uma parceria da Andretti com a McLaren!

Óbvio que choveram opiniões de todos os lados possíveis, tanto de Indyanistas fanáticos quanto dos Indyotas tagarelas de sempre, porém, no geral, a comunidade do automobilismo parecia satisfeita com a quebra daquela cotidianidade modorrenta a qual os pilotos da F1 estão constantemente atrelados durante toda temporada regular. 

Para se ter noção, desde Jim Clark, em 1965, um campeão de F1 não deixava o GP de Mônaco para participar do outro lado do Atlântico das 500 Milhas. Alonso abalou as estruturas do "estabelecido", emulou do silêncio a memória do ícone escocês Clark e formalizou a busca pela Tríplice Coroa do Automobilismo como desejo para a carreira. Título esse que até agora, no grid da F1, só vi Alonso e Vettel darem o devido valor. 

Passada a surpresa, vamos encaminhar os seguidores de Alonso e, consequentemente, da Indy para um assunto dos mais importantes e relevantes no interior do Templo da Velocidade: A mística da numerologia!

De 1911 até 2016 foram 100 edições de 500 Milhas e o carro que levava o número #3 ganhou onze edições (1919, 1948, 1962, 1968, 1974, 1981, 1986, 1991, 1992, 2002 e 2009). O número #2 vem logo em seguida no ranking dos números bem-sucedidos em Indianapolis com 9 conquistas (1915, 1921, 1929, 1939, 1969, 1970, 1976, 1978 e 2015). Fechando o TOP 5 temos o número #1 chegando em primeiro sete vezes (1923, 1940, 1950, 1958, 1961, 1964 e 1971) e um empate entre o número #14 (1928, 1953, 1954, 1967, 1977 e 1999) e o #5 (1935, 1959, 1983, 1985, 1988 e 1997) ambos com seis vitórias cada.

Nesse quesito, nós podemos dizer que Fernando já começou mal. O número dele na F1 hoje é o #14, que na Indy pertence ao time da lenda de Indianapolis A.J.Foyt. Com isso, a Andretti e a McLaren escolheram o #29 para a inscrição do piloto espanhol. Pesquisando no "INDYPEDIUM - Livro Sagrado da Numerologia Indyânica" descobri que o #29 não tem em 100 edições das 500 Milhas nenhuma vitória no templo. 

(Bob Hurt classificou o #29 para as 500 de 1967)

ANALISANDO OS NÚMEROS DOS NÚMEROS

Na Indy 500 desse ano os pilotos que usam os números mais vitoriosos da Indy 500 são respectivamente:

- Helio Castroneves da Penske com o #3
- Josef Newgarden da Penske com o #2
- Simon Pagenaud da Penske com o #1
- Carlos Muñoz da Foyt com o #14
- James Hinchcliffe da SPM com o #5

Três carros da Penske, que sempre prioriza sua temporada para vencer Indianapolis, carregam três dos números mais gloriosos do oval retangular. Isso por si só já é um peso contra o #29 de Alonso. Para piorar o cenário místico, James Hinchcliffe, que foi pole da Indy500 ano passado, até agora tem se mostrado um dos fortes candidatos ao título da categoria e carrega o #5 e, na minha bola de cristal, é favorito inclusive a pole de novo. Já Carlos Muñoz, apesar do número tradicionalíssimo, é o mais "fraco" entre os favoritos do TOP 5 numerólogo. Entretanto, é um colombiano talentoso capaz de surpreender muita gente experiente, não é carta fora do baralho. Seu problema é a adaptação do time ao motor Chevy, e isso eu conto como um grave problema para o mês de maio.

(Bell nos treinos livres da Indy500 de 2016. Homenagem a Harroun no macacão)

Depois de toda análise, sabendo que Townsend Bell, em 2016, foi o último piloto a defender o carro #29 (e, tirando o fato da grande trapalhada feita por ele nos pits contra Hunter-Reay, Townsend esteve sempre entre os primeiros da corrida - e o carro que Alonso guiará é esse mesmo do Bell...) minha conclusão é uma só: a chance de Alonso vencer é de exatamente 29%!!!

Por quê, Alonso? Por quê Indianapolis?

Semana que vem o espanhol, bicampeão de F1, estará participando como espectador da etapa de Barber, no Alabama. 

Prefeito de Long Beach


HINCHCLIFFE - Será um dos fortes candidatos ao título da Indy em 2017. E afirmo isso não em função da vitória de domingo passado do canadense na ensolarada Long Beach, o fato é que os motores/aeros da Honda estão superiores nas pistas de rua que outrora eram dominadas pelos motores/aeros da Chevy. Bourdais, que chegará a Barber como líder do certame, em mais uma brilhante estratégia de Dale Coyne, assegurou com seu kit Honda o segundo lugar da corrida, a frente de Newgarden da Penske, o melhor resultado de um carro movido pela Chevy no circuito urbano.

  
A reviravolta no desempenho da Honda nas pistas de rua da Indy não garante imediatamente a certeza de bons resultados também nos circuitos mistos, mas abre caminho para um equilíbrio no campeonato que não tínhamos desde que os aerokits foram introduzidos em 2015. De lá pra cá, a Chevy venceu 24 corridas; a Honda venceu 8 corridas. Somando as duas vitórias nessa temporada de 2017, a Honda sobe para 10 vitórias. O abismo é enorme ainda. Se levarmos em conta as poles conquistadas de 2015 até esse começo de 2017 a diferença é abissal: 31 poles pra Chevrolet, 3 poles para a Honda. Entretanto algo está acontecendo nas garagens...

Na temporada 2017, por enquanto, Honda lidera o Campeonato de Fabricantes com 185 e a Chevrolet com 135 pontos. O campeonato de pilotos também é liderado pelo fabricante japonês, com Tião Bourdais da Dale Coyne tranquilão com 93 pontos depois de duas corridas. Em segundo, 19 pontos atrás do francês, vem o canadense Hinchcliffe da SPM. Pagenaud, atual campeão com a Penske, é o terceiro com 71 e o melhor conjunto Chevy na tabela. 

A próxima etapa da Indy acontecerá na sinuosa pista do Alabama. Desde o início da guerra dos aerokits em 2015 a Chevrolet venceu as duas corridas por lá e conquistou as duas poles. Com o regulamento congelado para 2017 a tendência seria afirmar que a Chevrolet é favorita a ganhar mais uma etapa no excêntrico circuito misto de Leeds. Mas algo aconteceu com a Honda na Indy, proporcionalmente contrário ao que vem acontecendo com a Honda na F1. 



Pelos lados de Hinchtown, Long Beach foi um marco ímpar na carreira do James. Após aquela quase morte em Indianapolis 2015, o Prefeito passou um longo tempo de molho e retornou ano passado fazendo a pole no Templo, perdendo uma corrida pro Rahalzinho no oval do Texas por 0,0052 segundos, e esteve sempre no TOP 10 das corridas de 2016 mesmo usando o motor/aero da Honda que tanto Foyt quanto Andretti reclamavam da qualidade. A persistência de Sam com Hinch agora rende frutos. Foi a quinta vitória do canadense em 91 corridas disputadas na Indy. E mais, ele preenche um requisito fundamental para se tornar um campeão da Indy: versatilidade para vencer em todos os tipos de traçados do calendário, motivo pelo qual aponto Hinch como um dos meus cinco pilotos favoritos para conquistar a Astor Cup 2017. 

Bora bebemorar com a Cerveja do Hinch!



terça-feira, 14 de março de 2017

INDYCAR - Acidentes em St. Petersburg 2017


CRASH!!! - O primeiro a bater nas muretas da pista urbana de St. Pete foi Will Power, da Penske, durante os treinos livres. Na sequência foi a vez do mestre das muretas Takuma Sato, da Andretti, destruir as suspensões do seu Dw12. Na curva 13, o terceiro a experimentar as barreiras de proteção foi o vencedor da prova, Bourdais durante o treino classificatório. No Warm-up, Caçador, da Andretti, conseguiu destruir seu carro nos pneus poucas horas antes da corrida, motivo pelo qual seu resultado na prova deve ser muito exaltado. A pancada foi a mais forte de todo final de semana e os danos no carro foram bem sérias. 

BATIDA NA CORRIDA: Na volta 1, na Curva 3 (aquela que recebeu uma mudança de última hora devido a falha no asfalto), Kimball da Ganassi, sempre ele, quis colocar o carro do lado do #15 de Graham Rahal, da RLL, no espaço que passaria somente um carro. Resultado? CRASH!!!!!! CRASH!!!!! CRASH!!!!!! Gênio demais o Insulina Boy! Esse já é o segundo acidente dele com Graham e o segundo onde quem se ferra mais é o filho do Bobby. Que vida dura, Rahalzinho? Tinha um Pinball no seu caminho, no seu caminho tinha um Pinball! De quebra, o desgraçado do Kimball levou um dos carros da minha Foyt pro muro também. Péssima estréia para Muñoz, infelizmente. Obrigado Mister Charlie!



Tião Bourdais e a Redenção do Menino de Le Mans


SUPERAÇÃO - Nada é mais difícil para o piloto de Indy do que reverter uma péssima posição no grid de largada. Em oval, a situação até que é mais possível e provável de ser revertida, basta o carro ter um bom acerto para corrida e uma estratégia inteligente sendo pensada a cada volta pelos engenheiros. No circuito misto, a situação já fica mais complicada, afinal de contas as corridas de Indy em autódromos permanentes costumam parar menos por causa de uma bandeira amarela. No entanto, nas pistas de rua, largar na última posição é simplesmente a condenação ao pior cenário para qualquer pretensão do piloto. 

Óbvio que se você for piloto do Esquadrão da Penske, que coloca um orçamento monstruoso para disputar a temporada completa com quatro carros mais um quinto para Montoya em Indianapolis, suas chances na corrida poderão ser maiores caso a posição no grid seja desfavorável. Se você defende o time do Chip Ganassi, largar em último e vencer pode acontecer tal como foi com Dixon em Mid-Ohio em 2014. Até com uma Andretti você teria chances de reverter uma posição de largada ruim.

Agora, largar no último lugar, pilotando o carro do time "mais pobre" da Indy moderna (Dale Coyne) e, ainda por cima, vencer a prova usando o contestado motor Honda deixando em segundo e terceiro lugares na corrida de St. Pete uma Penske (pilotada pelo atual Campeão da categoria) e uma Ganassi (do mito Dixon), só um Tião Bourdais poderia realizar!


Largar em último e vencer é o "conto de fadas" perfeito para o final de semana de qualquer piloto de Indy (ou outra categoria). Até para o frio Bourdais a história de heroísmo e superação de sua corrida foi capaz de surpreender os sentidos e emocionar seus fãs de forma intensa. Segundo o próprio, ele não se lembra de ter recebido tantas felicitações por uma vitória como depois de vencer em St. Pete no domingo passado. A trama clássica do "time pequeno" batendo nos times ricos ainda é a preferida dos amantes da velocidade mundo afora. O elemento da imprevisibilidade teima em resistir no automobilismo para alegria de muitos! 

Conheça a pista de St. Pete de carona com Conor Daly

Entretanto, não se iluda com a Dale Coyne e o seu papel para essa temporada, o time já esteve mais fraco antes de 2017. Para esse ano, o projeto pode ser considerado ousado: Bourdais conseguiu trazer para o time Craig Hampson, que tinha uma proposta tentadora da Andretti Autosport, e Olivier Boisson, que era o engenheiro de Tião na extinta equipe da KV. Somado a isso, a Coyne colocou no segundo carro o atual campeão da Indy Lights, Ed Jones, grande promessa inglesa para o futuro da Indy. Na primeira corrida, Bourdais vence e Ed, único rookie do ano, termina em um honroso 10º lugar. 

A perspectiva para o futuro só pode ser a melhor possível já que, na sequência, teremos outra pista de rua no calendário, especialidade de Bourdais. No currículo, o francês traz, somando o triunfo em St. Pete, 16 vitórias nas pistas urbanas, 3 dessas vitórias em Long Beach, próxima etapa do Campeonato. Parece que Dale Coyne e Bourdais incomodarão os times ricos e os pilotos favoritos por mais 16 etapas!






sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

500 MILHAS DE INDIANAPOLIS DE 1946 - O início do Legado de Tony Hulman



Quando o presidente norte-americano Franklin Roosevelt, em dezembro de 1941, declarou Guerra aos países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), após o bombardeio de Pearl Harbor perpetrado pelos antepassados do Takuma Sato, todos os Estados americanos acabariam afetados imediatamente. Para o Templo da velocidade não foi diferente e as corridas cessariam em Indianapolis por longos e pesados quatro anos de chumbo e bomba atômica. 

Wilbur Shaw no seu Maserati Boyle Special

Em novembro de 1944, Wilbur Shaw (simplesmente a maior lenda dos anos 30 da Indy, tricampeão de Indianapolis e que só não se tornou tetra, penta e hexa por questões que fogem às explicações humanas) visitou a pista como um executivo da Firestone pronto para agendar alguns dias de testes para um novo composto de pneus que a empresa produzira em seus laboratórios. Depois desses testes, Shaw ficou inconformado com a paisagem desoladora do Speedway decorado por todo tipo de ervas daninhas no meio da trilha de tijolos, gramados com três metros de altura, arquibancadas caindo aos pedaços, instalações ferradas e os boatos que espalhavam pela cidade de que o melhor era demolir tudo e fazer outro investimento no local.


Munido de paixão, paciência e coragem, Wilbur foi até o dono da pista, capitão Eddie Rickenbacker, questionar o que poderia ser feito em relação a situação deplorável do lugar. A resposta de Eddie foi um sincero "não tenho a grana para reformar tudo, Wilbur". Uma facada nas primeiras tentativas do ex-piloto que ganhou fama na velha Brickyard. Restaria para Shaw dois "planos B": ou ele mesmo comprava a pista de Eddie ou encontrava um milionário com bala na agulha para bancar a reforma e a reabertura de Indianapolis e, consequentemente, a sobrevida das 500 Milhas de Indianapolis, que até aquele momento estava estacionada na sua vigésima nona edição. 

Sem dinheiro para ele mesmo fazer a aquisição, Shaw procurou por Anton "Tony" Hulman Jr., membro da mais tradicional família de Terre Haute, e jogou o projeto na mesa. Os Hulman eram uma família de imigrantes alemães que se estabeleceram com sucesso no Estado de Indiana no ano de 1850. Na virada do século o avô de Tony, o senhor Herman Hulman havia construído a Hulman Company, fornecedora de alimentos no atacado, bebidas e tabaco. Também é dessa empresa o famoso fermento em pó Clabber Girl.

Naquele momento da história Wilbur Shaw se via diante de um homem rico, que assumiu a presidência da Hulman Company após o falecimento de seu pai (em 1942) e que era muito apaixonado por corridas de Indy (êta homem de sorte esse Shaw!). Tony Hulman era um Hoosier nato, assistiu sua primeira 500 Milhas em 1914 (vencida por René Thomas) e via uma possibilidade perfeita para aplicar seu conhecimento de marketing no mais icônico evento automobilístico da América. 


Para concretizar o projeto, Hulman pagou no dia 14 de novembro de 1945 um total de 750 mil dólares ao capitão Eddie Rickenbacker, nomeou Wilbur Shaw para presidente e gerente-geral do Indianapolis Motor Speedway e intencionava tornar a Indy500 o maior espetáculo das corridas. Em poucos meses, como num passe de mágica, a Brickyard estava reaberta para o público e para os carros mais velozes do mundo!

 Capitão Rickenbacker assina o contrato de venda 
do Indianapolis Motor Speedway para Tony Hulman


Na parte 2 falaremos da corrida propriamente dita! Até lá, Indyanistas!