THE GLEN É PURA POESIA - Automobilística com cheiro de borracha queimada e uma sinuosidade diabólica. Não é de hoje que minha devoção por esse circuito misto começou e nem será amanhã que ela terminará. Enquanto muitos se ajoelham em oração por Road America ou chamam Portland de "pérola esquecida pela atual gestão da Indy", eu olho para Watkins Glen no calendário e sorrio como um garoto imberbe diante da garota dos sonhos.
Quando toquei pela primeira vez as curvas de Watkins Glen em um jogo da Nascar para Play Station 2 a paixão pelo traçado foi imediata. No dia seguinte escrevi esse poema para o circuito novaiorquino:
A Sinuosa dos Muros Azuis
"Não te amo como se fosses Mid-Ohio ou Portland
ou Elkhart Lake e seu Carrossel adorado pelo povo:
amo-te como se amam certas equipes obscuras,
secretamente, entre a Foyt e a Dale Coyne.
Amo-te como a pista que não tilkeou e tem
dentro de si, explicito, o desafio em cada curva,
e, graças ao teu formato, vejo desenhado em teu corpo
o denso aroma do perigo constante.
Amo-te por saber como, quando e onde
encontrarei diversão assistindo o toque da borracha no teu asfalto:
amo-te com ou sem "a Bota", com ou sem a "Bus Stop",
Deste modo eu sei quem no mundo da velocidade tu és,
tão rica de riscos em cada metro serpeante do seu circuito,
tão perto de ser um autódromo fêmea por excelência!
A história da The Glen teve 10 capítulos intermitentes no calendário da Indy: começou em 1979 e foi até 1981; uma lacuna de 22 anos acontece até que em 2005 a Indy retorna ao solo sagrado correndo até 2010; e, por fim, 2016 marca o retorno da pista ao calendário de mistos da categoria norte-americana e com a boa notícia de que ficará até pelo menos 2018.
Na luta pelo título teremos Pagenaud, Power, Tony Kanaan e Helio. Esses são de fato os que mais tem chances de título, sendo que os dois brasileiros estão precisando de um "milagre" para encostar nos ponteiros e chegar a Sonoma com chances reais de conquistar o caneco. Qual seria esse "milagre"? Power e Pagenaud não terminarem a corrida de Watkins acima da décima quinta posição e Tony ou Castroneves vencerem a prova em Nova York. Tony está 113 pontos atrás de Pagenaud, Helio 114 pontos. Temos em disputa mais de 150 pontos nessas duas etapas. A chance brasileira é mínima, mas existe.
Entre Power e Pagenaud a parada é mais acirrada e a vantagem de pouco mais de 20 pontos do francês sobre o australiano não significa muita coisa em um cenário onde temos tantos pontos a serem disputados. Outro agravante para tornar essas duas etapas em mistos eletrizantes é o fato de que ambos os pilotos da Penske tem retrospectos excepcionais nesse tipo de traçado. Tudo está absolutamente INDEFINIDO!!! Então se liga domingo no meio da tarde na Band(lixo) e assista a primeira parte das rodadas decisivas para ver quem será campeão da Astor Cup. Dá Brasil? Dá Austrália? Dá França? Quem será o campeão?!
Todos os vencedores da Indy em The Glen
Corrida # | Data | Nome do evento | Milhas | Vencedor |
1 | 8/5/1979 | Kent Oil 150 | 150.474 | Bobby Unser |
2 | 8/3/1980 | Kent Oil 150 | 150.536 | Bobby Unser |
3 | 10/4/1981 | Watkins Glen 200 | 202.62 | Rick Mears |
4 | 9/25/2005 | Watkins Glen Indy Grand Prix Presented by Argent Mortgage | 202.2 | Scott Dixon |
5 | 6/4/2006 | Watkins Glen Indy Grand Prix | 185.35 | Scott Dixon |
6 | 7/8/2007 | Camping World Watkins Glen Grand Prix | 202.2 | Scott Dixon |
7 | 7/6/2008 | Camping World Indy Grand Prix at the Glen | 202.2 | Ryan Hunter-Reay |
8 | 7/5/2009 | Camping World Indy Grand Prix at The Glen | 202.2 | Justin Wilson |
9 | 7/4/2010 | Camping World Indy Grand Prix at The Glen | 202.2 | Will Power |
10 | 9/4/2016 | INDYCAR Grand Prix at The Glen | Quem será? |
"Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein”
Oscar Niemeyer