segunda-feira, 3 de agosto de 2015

A metamorfose de Graham Rahal


UMA TEMPORADA MEMORÁVEL - Mesmo que não vença o título, mesmo que Montoya volte as boas atuações a partir de Pocono (aliás, Triângulo Traiçoeiro já foi conquistado pelo colombiano no ano passado), mesmo que Rahal marque dois 24º lugar nas duas etapas restantes, nada apagará o que ele já fez de positivo na busca por este título tão disputado, driblando magistralmente qualquer expectativa negativa que nós tínhamos a respeito de sua potencialidade como piloto de alto nível e esmagando a teoria de que só os times que usam aerokit e motor Chevrolet têm condições reais de ser campeão da Indy. 

Graham, na pré-temporada, JAMAIS foi apontado por ninguém como favorito ao título de 2015, muito pelo contrário: particularmente, achava que essa seria uma das últimas temporadas do garoto de 26 anos na categoria americana. Para seus detratores, incluindo-me aqui, os resultados conquistados em 2009, 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014 por Graham denunciavam que sua pilotagem oscilava entre fagulhas de boas provas (ao todo foram cinco 2º lugar entre 2008 e 2014, além de três 3º lugar no mesmo período) e constantes corridas ruins com resultados medíocres. 


Após a promissora temporada de estréia em 2007, o último ano da Indy-CART/Champ Car, quando Graham conquistou a honrosa quinta colocação no campeonato vencido por Tião Bourdais, Rahalzinho parecia estar destinado a um sucesso imediato na categoria, sem grandes dificuldades pelo caminho. Contudo, ao chegar ao topo dos times grandes, mesmo que por uma Ganassi "B" em 2011/2012, o cenário encontrado por ele foi de expectativas enormes por causa da herança genética que corre em suas veias e que não seriam concretizadas nas pistas. 

Apesar do excelente 2º lugar no Anhembi em 2011, o 3º lugar nas 500 Milhas de Indianapolis (seu melhor resultado na prova mais famosa do automobilismo) do mesmo ano e outro 2º em Milwaukee, Rahal, nas 17 etapas do campeonato, conseguiu ficar de fora do TOP 10 por nove ocasiões e isso andando em uma Ganassi é um absurdo quando você não tem um grande patrocinador te bancando ou algum tipo de fama na categoria. No ano seguinte, mais oito vezes fora dos dez melhores das corridas e um amargo 2º lugar no oval do Texas, quando bateu sozinho no muro durante a penúltima volta e acabou dando de presente a vitória para Justin Wilson com uma Dale Coyne!!! Sem uma vitória e ficando fora do TOP 10 por tanto tempo a Ganassi em 2013 deixou de ser a casa de Graham. O time do pai o "acolheu" e teve muita, mas muita paciência com o garoto e sua carreira em queda livre. 


Por duas temporadas inteiras (2013/2014), o filho do tricampeão Bobby Rahal, guiou para o time de seu pai e do David Letterman, e percorreu o lado mais obscuro e decadente de toda carreira. Com um desempenho bem abaixo do normal nesse período, Graham em 37 corridas conseguiu ficar fora do TOP 10 por incríveis 28 vezes! Os bons resultados de Rahal? 4 vezes no TOP 5, sendo duas em 2º lugar (Long Beach em 2013 e Detroit em 2014). Haja paciência com o garoto, não tio Bobby?

Então surgiu 2015 na vida do garoto de Columbus. Graham visitou a casa de um "bruxo" durante a pré-temporada e comprou um dos artigos de macumbaria para tirar qualquer urucubaca satânica do triângulo redondo de sua vida (P.S.: essa história é real e a tv americana mostrou). Durante a pré-temporada Rahalzinho já conseguia perceber que a "magia" estava funcionado e ele foi o destaque como o melhor piloto usando aerokit da Honda, mas bem atrás dos pilotos com Chevy. 

Ainda assim, as três primeiras provas da temporada 2015 não foram boas para Graham e dois 11º lugar (St. Pete e Long Beach) e um 8º lugar (NOLA) não mostravam nada além do que o "normal" para a parceria Rahal e o time RLL. Então, veio a corrida no Alabama e a temporada do filho da lenda deu uma guinada espetacular para o topo da tabela de classificação, em meio a milhares de reclamações dos times da Andretti e da SPM a respeito da falta de competitividade dos motores e aerokits da Honda frente aos concorrentes da Chevrolet. 

Na prova de Mid-Ohio de ontem Rahalzinho deixou mais uma vez explícito o quanto está à vontade para tirar o título de Montoya, mesmo guiando para um time pequeno de carro único e com o pior motor/aerokit da temporada. Quando a última bandeira amarela foi acionada depois de mais uma rodada de Kimball e, na relargada, Justin Wilson com dois Push-to-Pass foi para cima do carro vermelho e preto da RLL sem Push-to-Pass, Graham se defendeu como poucos seriam capazes de fazer naquela altura da corrida e com tudo que estava em jogo naquele momento para o campeonato. 

Montoya abaixo do TOP 10, Graham vencendo a corrida na terra-natal e o público aplaudindo e comemorando com ele era a "cereja do bolo" para um final de semana que sacramentou a metamorfose completa de Rahal em piloto competitivo de Indy. Independente do que acontecerá após a bandeira quadriculada em Pocono e Sonoma, esse campeonato, se for conquistado por Graham, será a prova definitiva de sua capacidade para assumir o papel de um dos grandes veteranos do futuro da Indy. E fazer Montoya, atual veterano, com um Penske equipado com aerokit e motor da Chevy ficar em segundo lugar valorizaria ainda mais o possível título de Graham.

A diferença em 9 pontos é mínima, mais de 150 pontos ainda serão disputados. A próxima etapa será no Triângulo Traiçoeiro de Pocono, dia 23 de Agosto, sem transmissão da Band, é claro!

Em quem você aposta: na experiência de Montoya ou na juventude de Rahal e seu carro e aerokit inferior? Acredita que Dixon, a víbora da Indy, ainda pode ter chances? Helio quem sabe surpreendendo em Sonoma e Pocono? A sorte está lançada! 








  

Nenhum comentário:

Postar um comentário