terça-feira, 7 de maio de 2013

A épica etapa da Indy no Anhembi

(Acidente entre Marco Andretti e Mario Moraes, primeira edição da Indy em SP)


O cenário? Um circuito de rua no meio da cidade de São Paulo, projetado para surgir ao lado de um rio morto e fétido, apodrecido pelo descaso dos seres humanos que habitam a metrópole, e composto por três retas grandes e um miolo labiríntico traiçoeiro entre as árvores do estacionamento do parque. Em tempo, a entrada dos pits é a mais legal entrada de pits da história da Indy, em declive, charme puro!
O enredo? Uma categoria centenária dos Estados Unidos, 25 pilotos de diversos lugares do mundo, três do Brasil e com toda torcida nativa os apoiando em peso. Dia de sol, sem chuva, calor no corpo e na pista. O Anhembi foi o cenário perfeito daquela que já está sendo considerada por muitos fãs e jornalistas americanos como “a melhor prova em circuito de rua de todos os tempos da Indycar Series (ou CART, ou IRL, ou CCWS)”.
Quando as duas filas indianas se alinharam lado a lado na infinita reta da marginal se direcionando para a linha de partida, como 25 cavaleiros em marcha militar, uma emoção alegre e ‘garageira’ contaminou todos os presentes no evento. A imagem da reta do sambódromo com as arquibancadas lotadas de ambos os lados e os carros da Indy rasgando o asfalto é marcante para a memória de qualquer fã de corridas. A torcida inteira gritando e pulando a cada vez que Tony Kanaan passava como líder da prova será para sempre inesquecível para nós fãs da categoria americana. Hinch saindo do carro e sendo ovacionado pelos brasileiros? Inesquecível!
Tony Cotman é o mito por trás dessa ideia inusitada, foi ele quem criou o layout da pista. Ele a imaginou e a prefeitura de Sampa tornou concreta a ideia dele, e ambos devem ser elogiados para todo o sempre por causa dessa beleza de traçado citadino! Se a F1 tem o Tilke para modelar pistas, na Indy temos o projetista surrealista de pistas fantásticas Tony Cotman.  Confesso que mesmo antes da edição 2013 da prova era esse o meu traçado de rua favorito no mundo da Indy, a “MONZA” das pistas de rua como apelidou carinhosamente Newgarden tempos atrás o Anhembi!
O desfecho emocionante da prova com Hinch ‘driblando’ Takuma Sato na entrada da curva do sambódromo depois de quase se tocarem na reta da marginal, na última volta, foi só o complemento perfeito de uma corrida repleta pneus fritando constantemente nas freadas, defesa de posição, disputas ríspidas e o maravilhoso ‘jogo das estratégias de pit’. O roteiro emocionante que a Indy tanto precisava para ficar registrada com carinho na memória dos velhos e dos novos fãs da categoria que sempre esperam por corridas emocionantes “como na época da CART”.
Miller, o veterano repórter da Indy, havia escrito na pré-temporada que esse seria o ano mais equilibrado da Indy em mais de uma década. Acredito que o velho Miller acertou em cheio. Ele apostava muito em Hinch e também acertou no alvo. Mas o grande nome da Indy até agora é Takuma Sato. Sim, o eterno kamikaze que perdeu ano passado as 500 Milhas por precipitar-se em uma manobra arriscada na CURVA 1 do IMS, encontrou sua equipe dos sonhos: a anã, pequena, minúscula, velha AJ FOYT ENTERPRISES. Duvido que o próprio Tex (apelido carinhoso que os amigos deram a Foyt) em seus devaneios mais inusitados acreditasse que chegaria a Indianapolis em 2013 com seu piloto liderando a tabela de classificação. Entretanto, na pré-temporada, Sato já havia demonstrado potencial e já aparentava estar entrosando bem com a equipe hoje comandada pelo filho de Foyt, Larry.

A repercussão da corrida no Anhembi mundo afora foi muito positiva em todos os meios de comunicação dos Estados Unidos, sendo classificada como épica, fantástica, a melhor corrida em pista de rua da história da Indy, entre oustras coisas boas. A reação vibrante da torcida brasileira também foi destacada pelo narradores da NBC Sports, principalmente quando Hinchcliffe sai do carro para comemorar e a galera em peso vibra com o canadense. Tudo foi incrivelmente tão perfeito que assusta toda expectativa que gerarão os fãs da velocidade para a edição do ano que vem. Mal acostumados com corridas excepcionais exigiremos uma repetição daquilo que houve de memorável na Monza das pistas de rua em 2013, tenho certeza disso.
Mas enquanto o ano que vem não chega, fique com os melhores momentos da corrida no Anhembi. Reassista com a narração da melhor dupla da América Latina: Pombo e Agulla, do canal ESPN3. Simplesmente, OS MELHORES!

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