segunda-feira, 29 de junho de 2015

Voos da Morte 4: As decolagens serão eternas!


PACK IS BACK? - Primeiro, analise com calma: foram mais de 80 mudanças na liderança da corrida, tivemos várias vezes linhas com 4 carros lado a lado, em certos instantes 5 carros lado a lado. Foi alucinante, foi emocionante e foi muito perigoso. A corrida de sábado em Fontana pode ser descrita simplesmente como a melhor corrida da história da Indy em ovais longos, sem levar em conta a mitologia particular de Indianapolis, é claro. Fontana em 2015 fez muito fã IRLista assistir de joelhos a corrida implorando para que nada de mais grave ocorresse. Não é exagero, foi algo brutal emocionalmente para quem assistiu no conforto do sofá. A Band, evidentemente, como está no livro de  regras da emissora, não transmitiu a Indy para nos brindar com mais um dia de desgraças do "Brasil Urgente". E que espetáculo a emissora que menos se importa com a Indy deixou de transmitir!

A "Cova" do Briscoe

Quem conversa comigo no mundo virtual sobre Indy sabe que sou viúvo da CART, que foi difícil me libertar do fantasma da falecida sempre rondando meus pensamentos nas épocas de depressão pós-cisão. Eu não escondo que fui apaixonado, que amei ela, que assistia desde pirralho suas corridas e que foi com ela que descobri o verdadeiro automobilismo do qual me tornei fanático a ponto de criar esse pequeno espaço virtual para versar sobre a categoria que realmente me emociona no mundo dos esportes. Mais que futebol hoje em dia, ressalto. Mas a CART nunca fez isso que assisti em Fontana dia 27 de Junho. Como espetáculo a CART jamais se igualaria ao que Fontana-2015 foi. E a CART teve grandes momentos em Fontana, a CART fez ótimas coisas em Fontana. Mas nada perto do que vi sábado em relação a emoção da corrida. Nada!
Melhores momentos da corrida

Ao contrário do que eu vi entusiasmado no sofá da sala, pilotos como Power, Tony e Montoya simplesmente odiaram a dinâmica da corrida em Fontana e relembraram ressentidos a morte de Wheldon em Las Vegas 2011 e toda carnificina nos big ones perigosos que a IRL teve em seus velhos tempos. Os veteranos não querem mais esse tipo de dinâmica de corrida e deixaram claro isso, os veteranos vão continuar reclamando caso Derrick Walker e Mark Miles optem por esse tipo de corrida ano que vem em Fontana e Texas (caso aconteça essas corridas). Do lado oposto, Ed Carpenter teve orgasmos múltiplos correndo uma corrida em bloco de novo e saiu em defesa do estilo. Chegou a dizer que quem não se sente seguro correndo em blocos então se aposente da Indy ou corra só nos mistos. Soco no estômago das afirmações de outros pilotos desfavoráveis ao pack racing. 


O circo começa a incendiar. A direção da Indy ainda tem outro problema a solucionar: o público inexistente nas arquibancadas de Fontana. Ficou comprovado, tal como já havia previsto Robin Miller, que a corrida sendo realizada numa tarde de Junho, verão na Califórnia, seria um fracasso retumbante de público. Foi e foi constrangedor uma corrida magnífica para míseras 5 mil testemunhas. Tipo público de um jogo de vôlei "nível B" aqui no Brasil. Até corrida de Stock Car Brasil dá o triplo de gente nas arquibancadas. Foi uma catástrofe na melhor das hipóteses e a mídia americana já começou a meter lenha nessa fogueira, e Mark Miles já começou a procurar explicações convincentes. 

Má divulgação do evento nas cidades onde acontece a prova? A irregularidade das datas dos eventos, que mudam constantemente de um ano para o outro, afeta consideravelmente a presença de público? Ou o fato é que ninguém mais liga para corridas da Indy em ovais e a verdade é que só restará Indianapolis e, talvez, Iowa nos próximos 5 anos devido ao êxodo do público dos ovais para as pistas mistas e de rua? Calendário da Indy com 2 corridas em ovais? CCWS 2: A Ressurreição?! - Senhoras e Senhores, liguem suas paciências, um novo apocalipse indyânico pode estar começando!

Rahal comemora a vitória em Fontana

Voltando para dentro da pista: que corrida! que espetáculo! que adrenalina! Quem não assistiu de pé essa corrida não merece meu respeito. As últimas cinco voltas foram eletrizantes e certas mudanças de linhas deixavam qualquer fã arrepiado. Marco, Briscoe, TK, Power, Montoya, Karam, Sato, Helio e Pagenaud lutaram insanamente pela liderança por 250 voltas. Três carros lado a lado foi uma constante assustadora e certos movimentos de Rahal não deixaram de ser duramente criticados pelo grande Giaffone durante a transmissão da tv que não vou mencionar o nome. 

Outro fato a se destacar na corrida: 3 americanos nas 5 primeiras posições! Rahal primeiro, Marco terceiro e Karam em quinto. De longe a melhor corrida da carreira de Karam, uma atuação gigante de Marco que sempre esteve na briga pela vitória e um primeiro lugar para coroar os esforços de Rahal nesta temporada. Esses nomes, Rahal e Marco, estarão logo logo no topo da "cadeia alimentar" da Indy quando mitos como Montoya, Helio, Dixon e Tony se aposentarem. Karam sempre foi minha aposta, para desespero do meu amigo Chavista, o Matheus "Indy Center" Antônio da Silva, ele é o mais promissor piloto americano vindo da Indy Lights. Newgarden já é realidade entre os pilotos americanos da Indy e está pronto para chegar a uma Penske ou Ganassi ou Andretti. O que facilitou a vida de Karam, por incrível que pareça, mais incrível ainda depois da Indy500 desse ano, é a presença de Sato em seu destino.

Sem Sato na vida de Karam, talvez hoje o jovem piloto americano estaria disputando a tapas com Conor Daly as participações no carro #5 da SPM. Sem o maior piloto japonês de todos os tempos catapultando Franchitti pra grade em Houston, TK estaria no Ganassi #8 até hoje e Dario no Ganassi #10. Sem Sato em sua vida, Karam hoje não teria Dario Franchitti como seu professor de Indy. E ainda tem gente que fala que o Sato é um problema no grid da Indy! E que corridão fez o japonês, sensacional, torci até a batida com o Power por sua vitória, mas o destino foi cruel com nossa Foyt querida. Maldita Penske #1!

Sage depois do quinto lugar em Fontana

A próxima etapa será no circuito oval mais antigo do mundo, em atividade desde 1905. Até lá, sangrem seus olhos revendo as últimas voltas das 500 Milhas de Fontana na perspectiva de um dos fantasmas da arquibancada:
Fantasma em Fontana filma fim



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