sábado, 16 de maio de 2015

O Templo ruge com fome e amedronta os fracos de emoção


O MUNDO ESTÁ APREENSIVO COM AS 500 MILHAS DE 2015! - A expectativa negativa tomou conta de um mundo de pessoas alheias ao campeonato regular da Indycar, até programas voltados para a desgraça cotidiana da metrópole paulistana falaram de Indianapolis, até o Datena deu espaço para a desgraça do Helio em seu programa de desgraças humanas!!! Globo News colocou a "decolagem" de Helio como a imagem do dia em um de seus telejornais; o SBT também mostrou, o 'Gazeta Esportiva' idem. Nos EUA, a repercussão foi além do site da Indycar, parou em telejornais da CNN, Fox, Espn, ABC, enfim, todo mundo comentou o acidente do brasileiro na quarta-feira passada. O vídeo do acidente no canal da Indy no Youtube atingiu a marca de mais de 1 milhão e 300 mil visualizações em menos de dois dias. Especialistas em Indy de todas as cores, etnias e línguas surgiram mundo afora, de dentro de um "buraco de minhoca", para decifrar as causas, os motivos, as razões e as circunstâncias do acontecido em Indiana. Até um viúvo de Ayrton Senna profetizou nas redes sociais:  "-Estou sentindo a mesma sensação daquele 1 de Maio!". Alguém passe uma agulha para que eu vaze os dois olhos?


O oval de Indianapolis foi imaginado em 1906 pelo vendedor de carros Carl Fischer, que propôs uma pista de testes para as fabricantes de automóveis atingirem as velocidades máximas potenciais de seus carros. Motivo principal? As vias públicas da época eram precárias em Indiana e, portanto, lugar inadequado para você atingir velocidades extremas. Assim, em 1909, inauguraram o Indianapolis Motor Speedway, construído em uma área de 132 hectares de terras agrícolas. 

A essência da pista, a razão pela qual ela surgiu, é desde o princípio a de proporcionar velocidades extremas, médias altas e consequências trágicas para alguns dos competidores que ali depositam corpos e ambições pessoais. Independente da década, Indianapolis sempre teve/tem graves acidentes acontecendo durante as sessões de treinos livres e, principalmente, dentro da própria corrida. O caso de decolagem de Helio provocou calafrios nos espectadores, tanto nos "especialistas" quanto nos fãs mortais da categoria. Fatalidades como a de Dan Wheldon, em Las Vegas 2011, e Stan Fox, Indianapolis em 1995, foram relembradas para causar mais mal-estar no público. O DW12 novamente foi colocado no paredão de fuzilamento dos idealistas da segurança infalível, e os projetistas do aerokit da Chevy estão agora debruçados sobre cálculos e fenômenos aerodinâmicos temendo uma tragédia durante a prova do dia 24/05. 
Conway decolando nas 500 Milhas de 2010

A dificuldade em aceitar que, correndo a 370km/h, qualquer erro cometido por esse ou aquele piloto pode ter grandes consequências é o maior problema com as pessoas que tentam compreender os dois casos de decolagem e capotagem dessa semana em Indianapolis. Suponhamos que Oriol Servià perca o controle do seu carro e bata no muro durante a corrida. Depois de ricochetear no concreto, o carro, ainda em velocidade alta, vira de lado e o que acontece? Talvez mais ou menos isso aqui:


A dúvida é: alguém lembra do que ocorreu em outras edições das 500 Milhas quando começa a criticar todo projeto do DW12 e seus aerokits? Dan Wheldon sofreu isso em 2003, durante as 500 Milhas de Indianapolis, decolou, virou de cabeça pra baixo e isso DURANTE a corrida. Saiu ileso. Outro acidente similar ao tipo de Newgarden e Helio foi o de Scott Brayton: foi durante os treinos para as 500 Milhas de 1996, porém o carro do piloto americano não decolou, ele só perdeu o controle do carro amarelo, bateu de lado no muro com a traseira do carro virada pra frente e foi arrastando até parar  lentamente. Morreu em um tipo de acidente que hoje não causaria sequer tontura nos pilotos. Ou seja, o problema de segurança nos carros foi sanado para determinados pontos, mas nenhuma segurança conseguirá ser perfeita para extinguir TODOS os perigos existentes na atividade de guiar um monopostos dentro do Indianapolis Motor Speedway a mais de 370km/h.


O traçado do oval de Indianapolis é o mesmo desde 1909, mudando apenas o piso de tijolos para asfalto. Jamais colocaram chicanes no meio da pista, não 'tilkearam' o oval mais famoso do mundo, não blasfemaram contra o evento mais antigo das corridas de carros ainda em atividade, ainda é o mesmo primitivismo irracional no conceito: 4 curvas, inclinações médias, 200 voltas e a busca por velocidades extremas e, por fim, a glorificação do rosto no troféu. Só isso e deve permanecer assim, para desespero de um bando de ignorantes que odeiam traçados ovais. Indianapolis é a salvação do esporte a motor voltado para os fãs da velocidade extrema. O preço para correr nela, ou apenas assistir ao desenrolar da trama da corrida, é saber que o risco da morte sempre estará presente da primeira até a última volta, sem exagero!

O perigo das primeiras voltas das 500 Milhas é histórico!


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